24 de março de 2010

Aniversário - Fernando Pessoa

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas
lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais       copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...


6 de março de 2010

Soneto da Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure




Nota de Agradecimento!

Então, bicho...essa postagem é só pra agradecer o responsável por essa nova cara que o Leituras ganhou aqui...Então é uma rapidinha aí pra dar os créditos pro cara que mandou muito aqui e deu um UP no esquema do blog!
Aliás, eu tenho um monte de outras coisas pra agradecer esse rapaz por aqui : uma churrasqueira emprestada, umas caronas meio furadas que eu meti ele essa semana que passou pro hospital que deixei ele de molho lá umas 4 horas, uma visita frustrada, um almoço, uma janta com sobremesa e um lanche no mercado e mais um monte de coisas...enfim, é o cara! Deus te pague aí mano! hahahaha...

Valeu mesmo aí, Francis, mais conhecido como Brum! Galera, vamos acompanhar de perto lá o blog do cara tb aí pra dar uma força pro rapaz :

www.verdadeseutopias.blogspot.com

vamos lá, olhem , comentem, sigam...

abração todo mundo!

2 de março de 2010


"Assim diz o Senhor : Exercei o direito e a justiça e livrai o oprimido das mãos do opressor; não oprimais ao estrangeiro, nem ao órfão, nem à viúva; não façais violência, nem derrameis sangue inocente neste lugar". Jeremias 22. 3


O Imperativo de Deus! Ordens vindas diretamente da boca de um Deus Santo. Exercer o direito e a justiça! Que me perdoem os politicamente corretos, mas a minha indignação me conduziu a pensar no que seria a essência da religião cristã ( exercer o direito e a justiça e olhar a causa da viúva e do órfão) e aonde nós, Igreja, Noiva Imaculada, temos levado essa religião.


Às vezes, se observo atentamente algumas de nossas práticas, me questiono se temos vivido essa essência; o que me leva a questionar também se somos tão Imaculada assim...Tá certo, tá certo, somos Igreja Militante, estamos no processo, mas meu medo aí aumenta : será que estamos militando com as armas certas ? Nas fileiras certas ?


Não quero bancar o profeta do século XXI e perder tempo aqui citando quais são os deveres que eu acho que deixamos de cumprir na nossa prática religiosa como Igreja de Cristo e muito menos comparando com as nossas atuais práticas, acho desnecessário. Nós sabemos muito bem onde nosso calo aperta! Nós conhecemos como ninguém nossos defeitos e é melhor mesmo deixar que os outros digam, já que, com toda certeza, eles também vêem.


Isso me dói ainda mais : saber que o mundo nos observa, que a ardente expectativa da criação espera, sucumbindo, gemendo, agonizando, a revelação dos filhos de Deus e nós, burrinhos ou mal-intencionadinhos e vaidosinhos, achamos que o centro da questão é MUSICAL! Vê se pode ?


Espero que ainda alcancemos misericórdia divina pra refletirmos e voltarmos atrás naquilo que temos priorizado que não é prioridade. Só pra lembrar : o Reino de Deus e a Sua Justiça! ( E pra ninguém bancar o escatológico , sem causa, compromisso e responsabilidade, Jesus orou : Venha o Teu Reino! Então, que o Reino venha...). Espero mesmo, antes que, sejamos confrontados com um outro versículo, de um outro profeta que me fez parar e pensar e depois engolir a seco, meu espanto :


"Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei EXCREMENTO ao vosso rosto, EXCREMENTO dos vossos sacrifícios, e para junto deste serei levados." - Malaquias 2.3


É mole o que o Senhor disse que vai jogar no rosto dos sacerdotes infiéis do meio do Seu povo ? E pra onde estes (sacerdotes e excrementos) vão juntos ? Pois é...


Sem maiores declarações a fazer, me calo em minha insignificância e indignação...Boa reflexão!

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